domingo, 9 de janeiro de 2011

Juliane e Collyn (21)

Bom, naquele dia, ela não dormiu bem, e após uma noite inteira em claro, definitivamente estava decidida a tirar toda aquela história a limpo.
Ela levantou-se da cama
'- nada melhor como um banho para renovar as minhas energias' Pensou.
Após o banho, colocou uma de suas roupas preferidas; a final, era a que ela usara quando Collyn a beijou pela 1ª vez.
'- Que tolice, todas as minhas roupas parecem ter uma "história" ' Ela disse para si.
Nem se quer tomou café,  isso lhe atraia muitas lembranças, saiu ;
Ao virar a esquina, collyn se vê sem ação. Lá estava ela, cabelos castanhos esvoaçando na brisa calma, olhos azuis um tanto avermelhados, bochechas rosadas, apertando as mãos como sempre fazia quando estava nervosa.
De súbito ela olhou em sua direção, percebeu que alguém a observava, Ju tinha esse pequeno dom de perceber as coisas.
La estava ele, cabelos castanhos, olhos mel, o sorriso lhe faltava, parecia bem.
Os olhares de ambos se cruzaram provocando emoções guardadas a tempos.
Os olhos de ambos se encheram d'agua.
Ela quis correr e o abraçar, mas o orgulho não a deixara. Ele veio andando calmamente até ela, queria implorar por desculpas, mas algo o impedia.
-Oi. disse tímidamente.
-Oi. Ela respondeu apenas copiando o que ele disse.
-É..é.. Você esta bem ? ele gaguejou .
- Não, e você sabe que não.
- Mas, mas.. Ele continuava a gaguejar .
- Não tem nada a me falar ? Disse tão séria como nunca.
- Não. Ele disse engolindo as palavras .
- Você tem certeza ?
- Sim.
'-Chame ele, pergunte, puxe-o para conversar, o coração dela dizia. Deixe que ele se explique o orgulho falava mais alto.'
- Então tá. Disse seca, se virando e indo embora.
Ele olhou ela se distanciando, chegou a esticar o braço, como se fosse tentar alcança-la e puxa-la para perto, um tanto impossível, na distancia em que já estava .
Ao dobrar a esquina, juliane, correu, apenas correu. Sem rumo, sem direção, sem ao menos olhar para frente. Até que algo a impediu de prosseguir .
Ela havia se chocado com um menino, ele a havia segurado tão forte para impedir a queda de ambos, que chegava a machuca-la, mas aquilo mais parecia um abraço para quem via.
O garoto percebeu que ela chorava, então afrouxou a força, já não estavam mais a ponto de cair, e a abraçou de verdade. Um abraço de como se conhecessem a muito tempo e ele a quisesse protege-la de algo .
- Desculpe, desculpe. Soluçou ela .
- Calma menina. Calma. O que aconteceu ? Perguntou em vão.
- Desculpe. Desculpe. Era só o que conseguia dizer .
Ele recuou a soltando de vagar, colocou a mão sobre seus olhos enxugando suas lágrimas e puxando seus cabelos para trás da orelha evidenciando seu rosto.
- Venha comigo menina dos olhos azuis. Não sabia o nome dela,então foi o melhor modo de perguntar indiretamente.
- Juliane. Disse em um fio de voz.
- Pois bem, venha Juliane. Disse a puxando pela mão.
Passaram por diversos lugares diferentes, ruas, entradas estreitas, monumentos, até que.
- Aqui. Ele sorriu .
Ela levantou a cabeça e olhou para onde ele apontava.
Um imenso arco branco, um portão vivo de tantas plantas entrelaçadas, onde mal se via a maçaneta.
Os olhos dela piscaram tentando acreditar que aquilo era real.
Por de trás do portão, milhares de borboletas voavam colorindo ainda mais um jardim repleto de flores e arvores frutíferas contornados pelo verde, algo raro um pleno outono.
- Esse lugar, aqui nunca muda.
-ham ? disse confusa.
- Não importa o que aconteça, o quanto poluída a cidade esteja, ou que estação do ano seja.
Esse lugar é 'Mágico', permanece sempre igual e intacto.
Não trago muitas pessoas aqui, esse é o meu Jardim secreto, quando estou triste, eu venho para cá.
- Obrigada. Disse um tanto confusa ainda.
- Nada, espero que para você também funcione, vi que precisava tanto quanto eu preciso as vezes, por isso te trouxe aqui.
Nesse momento, as lágrimas de ju desaceleraram.
- Não esta funcionando né ? Desculpe.
- Não, não. É claro que está. Eu não choro mais pelo motivo de antes, mas pela sensação que esse lugar me traz. Não é tristeza.
O menino sorriu como se tivesse realizado uma grande missão com sucesso. Puxou-a pela mão mais uma vez em direção a um banco extremamente branco em mármore, onde se sentou e fez com que ela fizesse o mesmo.
- E então, não vai me contar sua história ? Ele sorriu mais uma vez.
- É uma história longa, levaria tanto tempo. Não quero te chatear com meus problemas.
- Tenho todo tempo do mundo, não possuo nenhuma pressa, e te ouvir nunca me chatearia.
Deite se aqui, conte-me, ela se aconchegou em seu colo como se fossem amigos de anos, e  pois se a contar detalhe por detalhe .
Quando ela terminou de falar.
- Terminou ? ele disse
ela fez que sim com a cabeça.
Ele acariciou seus cabelos.
- Sente-se melhor ?
-Muito.
Ele sorriu, seu sorriso a acalmava ainda mais, pareciam não perceber, mas já escurecia, e os dois estavam ali a horas.
- Me desculpe. Não perguntei seu nome.
- Pierre .
A menina não havia se dado conta antes, mas por um momento percebeu.
- Ué. Você fala inglês perfeitamente, e com pouquíssimo sotaque francês. Você é daqui ?
- Sou sim, mas fui para o Canadá faz tempo estudar, passei a maior parte da minha vida lá. Conclusão, meu sotaque quase se foi por completo, e domino perfeitamente o inglês.
Ela sorriu, sim sorrir foi o que mais fez enquanto estava ali.
- Que sorte a minha, não ? Encontrar um francês que fale minha língua. Até agora pouco entendi do francês daqui, e quase ninguém além da recepcionista do Chato e o...  falavam minha língua.
- É realmente muita sorte, os franceses são muito patriotas, quase nunca falam outra língua a não ser a própria, mesmo que saibam outras.Quando se vem para cá é praticamente obrigado a aprender ou você não sobrevive. Ele gargalhou levemente.
- Não vou ficar aqui por muito tempo, talvez fique até menos que o esperado, acho que sobrevivo poucos dias sem entender o que os outros falam. Ela brincou
O rosto dele se fechou, o sorriso se foi.
- Não veio para ficar ? Pelo que você me contou parecia que...
- Não, não vim para ficar. Tenho toda uma vida lá do outro lado do oceano, vir para cá apenas foi uma loucura.
- Não gostaria de ficar ? Uma expressão triste tomou conta do seu rosto, mesmo em meio aquele lugar, que parecia ainda mais mágico a noite, mas não surtia mais efeito nele.
- Não, nada mais me prende aqui. Ela tentava crer que o que dissera era verdade.
Os olhos dele piscavam tentando não lacrimejar, a presença de Juliane realmente o fazia bem como ninguém nunca havia  feito.
- Ju. Posso te chamar de Ju ?
sim, ela assentiu com a cabeça.
- Não vá embora sem falar antes comigo viu ? Um sorriso singelo tomou conta do rosto dele.
- Como ?
- Tome, meu telefone. Ele estendeu um cartãozinho azul .
- Aqui na frança todos tem esses cartões a mão ?É? ela brincou.
- Bom, nem todos. Ele Sorriu.
- Que horas tem ? ela caiu na realidade olhando para o céu já estrelado.
- 21h. Perdemos a noção do tempo não acha ?
- É. Estamos aqui faz umas o que ? 10h ? Ela gargalhou discretamente.
- Ainda não estou com pressa, você está ?
- Não. Realmente não tenho nada para fazer.
- É, posso te mostrar outro lugar ? Você ja deve estar com fome, né ?
- Pode sim. Sim.
Ele a levantou de seu colo, e a pegou pela mão mais uma vez, a levando em direção dos fundos do jardim, onde havia uma espécie de casinha, como se alguém morasse ali. A final, não era uma casinha, era mais para uma dispensa.
- Como eu sempre vinha para cá até mesmo quando criança, eu fui construindo inocentemente um abrigo, que no final, decidi apenas guardar minhas guloseimas para não ter que sair daqui quando não quisesse, nem para comer.
Meio louco não ? Mas eu mantenho esse lugar preservado.
- Isso tudo é seu ? A curiosidade dela falou alto.
- Era da minha mãe. Ela morreu logo quando eu nasci, mas o jardim nunca se foi com ela.
Ele pegou dois sacos de biscoitos de chocolate e estendeu um para ela, forrou o chão com uma toalha de piquenique que estava dobrada num cantinho, pegou dois copos coloridos, e uma garrafinha de refrigerante .
Era um piquenique noturno, a luz da lua cheiro de flores .
Os dois ficaram ali comeram e conversaram ainda mais, assunto não lhes faltava, de fato haviam acabado de se conhecer, e havia uma vida inteira para se contar.
Uma hora, já muito tarde os olhos brilhantes de juliane vacilavam em piscadas longas, e ele percebeu que ela estava com sono. A puxou, e a aconchegou a em seus braços, apoiando se no banco com as costas.
- Descanse um pouco. Ele disse, mas ela talvez nem tenha ouvido, parecia ja dormir profundamente.
Por horas, ele apenas admirou seu sono, até que se juntou a ela fechando os olhos e sendo vencido pelo cansaço.

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